Essa música faz parte do filme Livre, que eu fortemente recomendo que você assista antes da sua jornada. Principalmente se for sozinha.
Mochilar pelo mundo está entre os planos da maioria das pessoas que gostam de viajar.
Se você nunca fez um mochilão, certamente tem vontade e planos de fazer um. E eu digo: faça. E se você já fez, deve lembrar com muita saudade desta viagem e já deve estar pensando na próxima possibilidade.
Um mochilão normalmente é uma viagem com menos conforto do que o habitual, mais esforço físico, mas que traz um baita de um conhecimento sobre você mesmo e tendo a crer que pessoas que fazem esse tipo de viagem estão mais abertas (pelo menos naquele momento) para verem o mundo e elas mesmas do jeito que realmente são, sem o grande peso do “ter” (que grande ironia!). Porque tirando a marca do sapato, da mochila e o celular que a pessoa tem, todo mundo que mochila é meio igual e está na mesma situação. E com certeza está na mesma vibe.
Eu fiz dois mochilões na vida: um de 15 dias pela França e um de 30 dias pela Europa, ambos em 2009, com o meu então namorado (que hoje é meu marido) e foram as melhores viagens da minha vida. A grana era curta, o conhecimento de mundo era pequeno, mas a vontade de ver as coisas com os meus próprios olhos e descobrir a vida era imensa. Minha mochila está guardada para a próxima experiência (que deve ser quando eu tiver filhos e eles forem adolescentes), mas juro que eu penso em refazer essa viagem todos os anos.
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É óbvio que apesar do meu mochilão ter sido um sucesso e não ter acontecido nada grave, cometi muitos erros, mas também aprendi bastante coisa bacana. E hoje quero compartilhar algumas dicas do que acho essencial quando se faz uma viagem como essa. Sei que algumas dicas parecem banais (do tipo: alimente-se bem e carregue pouco peso), mas a maioria das pessoas usa isso só na teoria e parece esquecer de tudo quando é a hora de pegar a estrada.
Não se esqueça dessas dicas. Você com certeza se lembrará de mim quando estiver no meio de um perrengue evitável.
(Essas dicas são pra quem fará um mochilão urbano. Para trilhas ou montanhas, as dicas são bem mais específicas e talvez essas não se apliquem…)
1. Leve pouca roupa (e pouca coisa).

Em condições normais, a gente não sairia com essa roupa na rua, mas para um mochilão, a gente tava lindo!
No meu mochilão, carreguei uma mochila de 16kg e o Thiago, uma de 20kg. TODOS OS DIAS. Nas costas. No primeiro dia, tá tudo certo, você tá animadão e nem sente o peso do cansaço. Lá pelo décimo dia ou quando o hotel que você reservou pra dormir fica longe pra burro ou quando dá alguma coisa errado, você vai querer tacar a sua mochila longe. Mas não dá, né? Toda a sua vida naquele momento está lá. E não, não vai ter ninguém pra carregar pra você.
Um mochilão é o tipo de viagem que tem uma vibe diferente de quando você vai pra NYC pra conhecer os melhores restaurantes e baladas (e tem que estar na estica por isso). Na primeira semana, você vai perceber que tudo bem se a roupa que você está usando não combinar. Tudo bem que a mesma calça já cruzou 3 países sem ser lavada. Tudo bem que você não usa maquiagem há vários dias. A palavra chave é conforto e praticidade. Quando você olhar as fotos deste tempo e estiver parecendo o demo, garanto que nem vai se importar, porque a saudade será grande e você saberá que combinação fashion nenhuma vale a sua dor nas costas no final do dia.
Eu cruzei a Europa no outono e felizmente, ainda fazia calor. Levei um legging, uma calça jeans, umas três camisetas, uma blusa de frio, algumas calcinhas, um chinelo e um sapato para andar o dia inteiro. E só. E deu certo. Lavei roupa em lavanderia pública, lavei roupa em banheira de hotel, usei roupa suja, joguei roupa fora no último dia de viagem… Mas usei cada peça de roupa que tinha na mala, sem carregar nenhum peso à toa.
Quando estiver fazendo sua mochila, depois de separar todas as peças de roupas e itens da viagem, tire algumas coisas, sem dó. E antes de sair pelo mundo, levante a sua mochila várias vezes, em períodos diferentes do dia. De nada adianta você levantar a sua mochila depois de uma bela noite de sono, quando você está descansadão, que ela vai parecer uma pena.
Tente levantar depois daquele dia terrível no trabalho, depois de virar a noite fazendo algo importante ou quando chegar em casa moído da academia. Pois é assim que você vai se sentir.
Lembre-se que além do peso que você está levando inicialmente, irá encontrar coisas legais pelo caminho que vai querer comprar. E mesmo que seja um ímã, já é um peso extra nas suas costas.
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2. Invista em uma boa mochila e um bom calçado.
Sabe aquela história que o barato sai caro?
Se você não tiver muito dinheiro para gastar e tiver que escolher no que vai investir, escolha esses dois itens.
A escolha da mochila é um assunto muito pessoal. Eleja uma que se acomode bem no seu corpo, por isso teste várias. Coloque nas costas, ande pela loja, tome bastante tempo nisso. Pense também nos compartimentos e no tamanho dela. Você não precisa de uma mochila gigantesca se só vai viajar dez dias. Mas também de nada adianta levar uma mochila pequena se você vai ficar na estrada 45 dias. A pior coisa que tem em um mochilão é ter que ficar carregando volume extra, fora da mochila. Tente concentrar tudo dentro dela, senão a chance de você perder, ser roubado ou ficar com o peso desbalanceado no corpo, é grande.
Eu e o Thiago compramos as nossas na Decathlon aqui no Brasil mesmo e escolhemos modelos diferentes. Não eram caríssimas, porém eram muito resistentes e mesmo depois de 30 dias de viagem, elas ainda estão inteirinhas. Um item que é muito importante no mochilão é a capa de chuva para a mochila. Algumas já vem com isso embutido e é um recurso extremamente útil se você não quiser molhar tudo o que tem dentro em caso de temporal.
O sapato que você usará é outro item igualmente pessoal. Tem gente que prefere tênis e tem quem prefira aquelas botas de trilha. Seja qual for, o importante é que o calçado tenha um bom amortecimento, seja extremamente confortável e fique bem ajustado no pé. Você provavelmente vai andar muito, em terrenos nem sempre planos e acredite, o sapato será o seu segundo melhor amigo, depois da mochila.
E não se esqueça: aquela história de não usar sapato novo, dar uma amaciada antes, é real. Mesmo o melhor sapato do mundo pode destruir o seu pé no primeiro dia de uso.
3. Tenha boas noites de sono.
Se você estiver viajando sozinho, os hostels provavelmente serão a melhor opção, pelo preço e por poder conhecer gente nova e não se sentir tão sozinho no percurso. Mas se você estiver viajando em casal ou em uma turma, cogite a possibilidade de se hospedar em hotéis simples. Muitas vezes, vale mais a pena financeiramente e o ganho de conforto (uma cama de verdade e um banheiro só pra você) fará toda a diferença.
Seja qual for a sua escolha, não caia em roubadas como dormir no aeroporto, na balada, no trem ou mesmo na rua para economizar dinheiro. Uma noite mal dormida significa que no dia seguinte você estará quebrado e não terá toda a disposição necessária para enfrentar mais um dia de viagem. E acredite, um mochilão é igual a ter disposição, saúde e pique. E perder um dia de mochilão é triste, triste…
Faça com que o seu sono seja prioridade na viagem!
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4. Coma bem!
Esse é outro item que as pessoas adoram ignorar.
Comer bem não significa comer no melhor restaurante da cidade e gastar os tubos, mas considere que a caminhada de um mochilão é um exercício físico e por isso se você se empanzinar de gordura, açúcar e ficar com a barriga pesada, nem conseguirá andar direito e ainda correrá o risco de precisar ir ao banheiro urgentemente, o que nem sempre é um assunto fácil de se resolver em um mochilão.
Por outro lado, ficar sem comer também não é uma opção. Você pode nem perceber, mas poderá ficar fraco e desatento, ter uma queda de pressão e faltar energia justamente para aquela última ladeira antes de chegar ao hotel.
Um mochilão não é lugar para fazer dieta, tampouco exageros. Conheça o seu corpo e organismo e alimente-se com consciência. Mas faça todas as refeições e nunca, NUNCA, fique sem comer!
5. Leve snacks e muita água com você.
Complementando o #4, muitas vezes você não achará nada aberto quando a fome apertar, por isso, provisione. Sempre tenha snacks com você, especialmente aqueles que fornecem energia rápida e as calorias necessárias e também que não estragam dentro da mochila.
Pode ser uns biscoitinhos, um pão, alguma carne seca (lembro que o melhor snack da nossa viagem foram uns pedaços grossos de presunto cru que compramos em Barcelona: proteína e gordura para dar energia e ainda era delicioso). Algo que te sacie e alimente entre as refeições ou nas horas de desespero.
Mais importante ainda do que ter snacks, é ter água, muita água. Manter-se hidratado é um dos pontos mais importantes para que a sua viagem seja um sucesso. Carregue uma boa quantidade de água com você e reponha antes de acabar (na hora da sede, você vai pagar mais caro pelo mesmo líquido). Dê preferência para água mesmo ou isotônicos. Refrigerantes, sucos com muito açúcar, álcool ou energéticos não vão te hidratar e nem matar a sede da mesma forma e ainda podem te fazer sentir mal durante a viagem. Ah! Dependendo do lugar, não corra riscos, água engarrafada.
6. Planeje.
Sabe aquela história de “quando eu chegar lá, eu vejo?” Costuma dar certo quando você tem dinheiro, tempo, paciência para procurar e não tem o peso de uma criança de 2 anos nas costas.
Em um mochilão, quanto mais você planejar, melhor. Saiba onde vai ficar, possibilidades de lugares para comer, horário do trem, o que quer ver naquele lugar. Pesquise muito!
Se der uma folguinha, aí você pode dar uma pirada e fazer as coisas que derem na sua cabeça. Mas ter que ficar procurando hotel naquela cidade que você só tem dois dias não é a melhor forma de gastar seu tempo, não é mesmo?
E quando eu digo planejar, significa antes da viagem e durante também. Lembro que quando estava em Biarritz, tínhamos que pegar o primeiro trem para o próximo destino, e ele saía super cedo, tipo seis da manhã. Logo, não ia ter nada aberto e no trem também não teria onde comprar o que comer no café da manhã e até chegar na outra cidade já seria a hora do almoço e eu estaria esfomeada. Sabendo disso, na noite anterior compramos uma pizza para comer no trem, de café da manhã. Isso é planejamento!
(Ok, mas o que não é planejamento é não ter capa de chuva para a mochila e a pizza chegar ensopada no trem depois de enfrentarmos um dilúvio para chegar na estação. Mas isso é assunto para outro post.)
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7. Tenha mapas e informações offline.
Celulares dão pau. Tablets quebram. Laptops são roubados. E aí você que deixou todas as informações úteis dentro dos devices e confiou na tecnologia? Se lascou!
Quando eu mochilei, em 2009, as coisas não eram tão avançadas como hoje. Viajamos só com um celular (que nem internet tinha) para emergências, uma câmera boa e um laptop pesadíssimo (era o que tínhamos na época). Mas nada de mapas online, real time pra família, nada disso. Foi na raça mesmo.
Não acho que você deva descartar a tecnologia, ela ajuda e muito durante uma viagem como essas. Mas tenha backups que não precisem de energia ou internet para funcionar.
Bons mapas de papel resolvem a vida sempre. Tem apps que permitem que você baixe previamente o mapa da cidade e utilize-o offline, o que é ótimo quando o wifi não funciona e você não quer vender a casa para pagar os dados no exterior, cadernos com o endereço do hotel, telefones de emergência e informações úteis ainda não saíram de circulação gente, podem usar.
E ainda tem aqueles lugares que você não quer correr o risco de tirar o seu iPhone 6 e ser roubado. Quem vai querer roubar seu caderno com propaganda na capa? É gente, a Europa, por exemplo, obviamente é mais segura que o Brasil, mas trombadinha tem em todo o lugar… e s**t always happen!
8. Carregue itens de emergência.
Remédios para dor de cabeça, dor de garganta, cólica, resfriados, dor de barriga. Absorventes. Camisinhas. Itens de primeiros socorros como band aid, esparadrapo. Lanterna. Capa de chuva. caneta. Prendedor de cabelo. Protetor solar. Papel higiênico.
Onde eles estão quando você precisa? Em todos os lugares, menos com você!
Tem algumas coisas que são básicas e que você tem que levar. Todo mundo acha que nada vai acontecer com você, que a sua saúde é de ferro e que não vai ter nenhum perrengue durante a viagem. Doce ilusão!
Vai por mim, pense bem em tudo o que pode acontecer de emergência e leve qualquer coisa que possa te ajudar nessas situações. Nada como ter uma diarréia e não ter com o que limpar a bunda, néam?
9. Não dê uma de Superman (ou se Mulher Maravilha). Não caia em roubadas evitáveis.
Ok, em roubadas todo mundo já caiu ou invariavelmente, irá cair durante um mochilão. Mas tem aquelas que se você pensar um pouquinho antes de fazer, já sabe que a probabilidade de dar ruim é grande.
Por mais que você seja aventureiro e espírito livre, tem certas coisas que simplesmente não rolam (na maioria das vezes). Do tipo pedir carona para desconhecidos. Ok, você pode conhecer alguém super legal e fazer um amigo (ou até arrumar um date), mas já pensou em quanta gente ruim existe por aí?
Ou andar por lugares realmente perigosos sozinhos. Pra que ir em uma favela do Rio sozinho? Só pra disparar o coração? Pula de páraquedas que é melhor.
Ou pular de pára quedas com a empresa mais barata da cidade, que não tem tantos equipamentos de segurança assim, mas estava bem baratinho…
Ou tomar o drink que o cara mais bonito da balada te ofereceu, direto do copo dele.
Ou infringir alguma lei local “só daquela vez” e achar que não vai ser pego.
Ou não colocar dinheiro e documentos no cofre do hotel. Afinal em hotel bom não acontece nada.
Eu sei, tem coisa que parece tão básica e primária, mas que um monte de gente adora esquecer quando está de férias.
Além dessas coisas, quando digo para não dar uma de Superman, quero dizer também que você deve conhecer e respeitar os seus limites. Mesmo se você for atleta, seu corpo cansa e precisa de repouso. Mesmo com a grana curta, não dá para economizar em tudo e não aproveitar nada.
Então, aquele dia que você sente que as suas costas vão travar, pegue mais leve na quantidade de horas que carrega a mochila, tome um relaxante muscular, durma um pouquinho mais.
Você é humano e não uma máquina de conhecer países.
10. E por último, não tenha tanta pressa. Tire tempo para aproveitar.
Uma viagem, seja de qual tipo for, é medida pelo número de vezes que você teve prazer, que aproveitou, que se sentiu feliz e não pelo número de carimbos no passaporte.
E muita gente, quando faz um mochilão, quer ver a maior quantidade de lugares no menor tempo possível. Tipo uma maratona. Besteira!
Faça seu planejamento de forma que seu tempo não seja desperdiçado, mas também tire tempo para conhecer pessoas, apaixonar-se por lugares, apreciar uma paisagem, descansar, olhar as coisas de um jeito que você não olharia na correria do dia-a-dia e tornar aqueles momentos inesquecíveis.
Enfim, como toda viagem, um mochilão é um tempo que você tem para aproveitar lugares, pessoas e a si mesmo. Curta!
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